Seu negócio: O conceito do porco-espinho

23 de mar. de 2016

Em seu famoso ensaio, O porco-espinho e a raposa, Isaiah Berlin dividiu a humanidade em porcos-espinhos e as raposas, inspirado numa antiga parábola grega: "A raposa sabe muitas coisas, mas o porco-espinho sabe uma coisa muito importante".
O conceito do porco-espinho
foto: divulgação

A raposa é um animal astuto, capaz de vislumbrar uma miríade de estratégias complexas para atacar de surpresa o porco-espinho. Todos os dias a raposa fica cercando a toca do porco-espinho, à espera do momento oportuno para atacá-lo. Rápida, traiçoeira, bela, agitada e manhosa, a raposa parece ter tudo para vencer. O porco-espinho, por sua vez, é desajeitado, anda por aí balançando o corpo, vivendo sua vidinha simples, correndo atrás do almoço e cuidando da casa.

A raposa aguarda, em silêncio calculado, no cruzamento do caminho. O porco-espinho distraído, pensando na própria vida, cai direto no caminho da raposa.

- "A-há, agora te peguei!" - Pensa a raposa. E salta, arremetendo contra o solo, movendo-se com grande rapidez.

O pequeno porco-espinho, percebendo o perigo, olha e pensa: 

- "E lá vamos nós de novo. Será que ela nunca vai aprender?"

Enrolando-se todo, como uma bola perfeita, o porco-espinho se transforma numa esfera de pontas afiadas, apontadas em todas as direções. A raposa, pulando sobre a presa, vê a defesa do porco-espinho e interrompe o ataque. Todos os dias há uma nova versão dessa batalha entre o porco-espinho e a raposa - e, apesar da grande astúcia dessa última, o porco-espinho sempre vence.

A partir desta pequena parábola, Berlin fez uma adaptação e dividiu as pessoas em dois grupos básicos: as raposas e os porcos-espinhos. As raposas atacam em várias frentes de uma vez, e vêem o mundo em toda sua complexidade. Elas se "espalham ou se dispersam e se movem em muitos níveis", afirma Berlin, e nunca integram seu pensamento num conceito geral ou visão unificadora. Os porcos-espinho por sua vez, simplificam um mundo complexo e o transformam numa única ideia organizadora, um princípio básico ou um conceito que unifica e orienta tudo. Não importa o grau de complexidade do mundo; um porco-espinho reduz todos os desafios e dilemas a simples - na verdade, quase simplistas - ideias de porco-espinho. Para um porco-espinho, tudo o que não se relaciona de alguma forma com suas ideias não tem relevância.

O professor Marvin Bressler, de Princeton, destacou o poder do porco-espinho em uma de nossas longas conversas: "Quer saber o que separa aqueles que causam maior impacto de todos os outros igualmente brilhantes? Os primeiros são porcos-espinhos."

Freud e o inconsciente, Darwin e a seleção natural das espécies, Marx e a luta de classes, Einstein e a relatividade, Adam Smith e a divisão do trabalho - todos eles eram porcos-espinhos. Pegaram um mundo complexo e o simplificaram. "Aqueles que deixam as maiores pegadas", afirmou Bressler, "têm sempre milhares pessoas dizendo, atrás deles: 'Boa ideia, mas você foi longe demais!' "

Para ser bem claro, os porcos-espinhos não são burros. Longe disso. Eles compreendem que a essência de um insight profundo é a simplicidade. Existe algo mais simples do que e = mc²? Ou mais simples do que a ideia do inconsciente, composto de um id, um ego e um superego? Ou mais elegante do que a fábrica de alfinetes e a "mão invisível" de Adam Smith? Não, os porcos-espinho não são simplórios; têm uma percepção aguçada, que lhes permite enxergar através da complexidade e discriminar padrões subjacentes. Os porcos-espinho vêem o que é essencial - e ignoram o resto.
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E você, é um porco-espinho ou uma raposa?
Beijos, amores

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