Recentemente, conversando com uma senhora de pouco mais de 70 anos, eu me dei conta de como a humanidade sofisticou seu modo de vida nas últimas décadas, tornando mais complexo o fluir da nossa existência. Eu e a simpática senhora estávamos em uma loja, consultando a lista de presentes de casamento da sobrinha dela. A relação tinha todos os sonhos de consumo de um casal moderno: fogão, forno microondas, refrigerador dúplex, um televisor de plasma de 42 polegadas, um televisor de tela plana de 29 polegadas, dois aparelhos de DVD (um para cada televisor, claro), três aparelhos de telefone sem fio, um laptop de última geração, aparelho de som, máquina de lavar louça, máquina de lavar roupa, máquina de secar roupa e uma centena de outros itens.
“Meu Deus, será que tudo isso que minha sobrinha está pedindo vai caber no apartamento dela? É tão pequenininho!”, comentou a tia da noiva com ar perplexo. “As coisas mudaram muito, quando eu me casei tudo que precisávamos para montar uma casa eram os móveis, um fogão a gás e um rádio. Como eram simples as coisas naquele tempo! A gente conseguia ser feliz com tão pouco”. Esse comentário despertou a minha atenção. Realmente, tempos atrás, éramos capazes de ser felizes com muito menos do que precisamos hoje – e as coisas funcionavam perfeitamente bem. Isso aponta para a urgente necessidade de revisão de conceitos e comportamentos.
Eu não tenho nada contra uma vida confortável, liberdade financeira e sucesso profissional. Faz parte da minha missão, incentivar as pessoas a acreditarem que podem e merecem conquistar as coisas boas da vida, pois isso também faz parte de algo mais abrangente que é a felicidade. A questão é que vivemos em uma sociedade movida pelo consumo e levamos uma existência de “viver para ter”, quando na verdade, o que é realmente importante para um ser humano cabe dentro de uma mochila. Provei isso na prática quando fiz o caminho de Santiago de Compostela, uma rota de peregrinação que percorre a Península Ibérica até a cidade de Santiago, no extremo oeste da Espanha – um aprendizado incrível! No início da caminhada, cheios de energia, os peregrinos levam uma mochila com todos os itens que consideram necessários. No percurso, eles se deparam com a necessidade de se livrar de coisas e ficar apenas com o essencial porque a mochila vai pesando cada vez mais com as mesmas coisas. Nessas circunstâncias é interessante notar como as pessoas conseguem selecionar, priorizar e minimizar suas necessidades.
Experiências desse tipo comprovam que toda a humanidade pode fazer muito, com muito pouco. A questão dos valores na sociedade contemporânea é tão importante que chegou a ser debatida por uma organização não governamental com status consultivo geral no conselho econômico e social das Nações Unidas, a Universidade Espiritual Brahma Kumaris, que lançou em 1994 o projeto internacional denominado “Compartilhando nossos valores por um mundo melhor”. Essa organização apontou doze valores superiores e fundamentais para o bem-estar da humanidade: amor, cooperação, felicidade, honestidade, humildade, liberdade, paz, respeito, responsabilidade, simplicidade, tolerância e unidade. Desperta a sua atenção o fato de não ter nessa lista itens de recursos tecnológicos, bens materiais, roupas de grife, sucesso profissional e estabilidade financeira? Infelizmente o que tem predominado na sociedade moderna é a conquista do sucesso medido pelo saldo bancário, a competição desenfreada para ter, manter e, de preferência, melhorar o padrão de vida que permita consumir mais e mais.
A inteligência do novo tempo tem como alicerce a cultura do minimalismo – que nesse contexto representa mais qualidade de vida e menos consumismo -, e requer um novo nível de conscientização. De forma global, precisamos nos conscientizar da necessidade de reaprender a fazer muitas coisas, com pouco tempo; inovar com poucos recursos; fazer muito com poucas pessoas, tomar banho com pouca água. Essas questões tornaram-se determinantes para a nossa sobrevivência. Os excessos, além de tornar homens e mulheres prisioneiros de um padrão de conduta e de vida que custa muito caro para manter, são obstáculos para alcançar a felicidade e uma forma mais equilibrada, saudável e sustentável para se viver.
Para saber mais sobre Leila Navarro, acesse:
www.leilanavarro.com.br
Fonte: Minimalismo é alicerce da inteligência do novo tempo – Leila Navarro - Jornal Carreira e Sucesso
Fonte: Minimalismo é alicerce da inteligência do novo tempo – Leila Navarro - Jornal Carreira e Sucesso
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